terça-feira, 3 de agosto de 2021

ERA UMA CASA MUITO ENGRAÇADA, NÃO TINHA TETO NÃO TINHA NADA...

Por incrível que pareça a música infantil que descreve a casa sem teto, sem chão, sem parede e sem banheiro se adequa perfeitamente às condições estruturais das forças de segurança pública do Estado. 

Dá para contar nos dedos de uma mão as unidades da Polícia Militar que foram construídas com o propósito de serem unidades policiais militares. Os dedos da outra mão sobram se forem usados para contar dos prédios próprios da gloriosa e secular Polícia Militar. Junte-se a isso a precariedade dos alojamentos e banheiros com instalações elétricas e hidrossanitárias inimagináveis e terá o retrato do descaso e precariedade das instalações ocupadas por Policias Militares que tem o dever de "proteger e servir a sociedade, mesmo com o risco da própria vida".

Não precisa de muito esforço para constatar o cenário descrito. Basta visitar qualquer unidade da Polícia Militar do Rio Grande do Norte que, caso o prédio esteja em boas condições de manutenção, raramente não funcionará em um galpão improvisado, ou em uma escola desativada ou em um antigo posto de saúde. 

O CBMRN, mesmo com uma realidade bastante diferente da PMRN quanto às condições estruturais das edificações, encontra semelhança quando tem sedes provisórias, ocupa prédios originalmente construídos e vive a realidade de ter uma unidade especializada itinerante. O Grupamento de Busca e Salvamento já funcionou em Lagoa Seca, Redinha, Dix Sept Rosado e agora está novamente em Lagoa Seca. 

A maior precariedade do CBMRN, contudo, é o reduzidíssimo número de Unidades. São 3 unidades operacionais na região metropolitana (Natal, São Gonçalo e Parnamirim), 1 em Caicó, 1 em Mossoró e 1 em Pau dos Ferros. Os Bombeiros estão AUSENTES de 161 municípios do Estado e conta apenas com cerca de 60% do efetivo previsto em Lei.

Ambas as instituições carecem de pessoal, de uma política de Estado que garanta a composição racional, gradual e contínua de seus efetivos. Continuam sujeitas a politização da realização de concursos com a midiatização de novas contratações sem que isso signifique a implementação de um planejamento institucional e de seriedade na gestão Governamental da Segurança Pública.

Sucessivos Governos capitalizam politicamente o ingresso de novos policiais, com boas peças publicitárias e produções áudio visuais de qualidade, aproveitando-se da desinformação da população e, historicamente, adiando o enfrentamento das questões estruturais do fazer segurança pública, sempre deixando para depois sem que se efetive qualquer política duradoura.

Ao que parece, o atual Governo tem dado continuidade à prática histórica no Rio Grande do Norte: de adiar as adequações legislativas necessárias a uma verdadeira organização institucional; sem dar solução a problemas exaustivamente apresentados e expostos às autoridades competentes; e de capitalizar bons resultados a partir de boas produções midiáticas.

É tempo de nos unirmos e nos mobilizarmos sob pena de experimentarmos mais um quadriênio de "mais do mesmo" e de continuarmos em "uma casa muito engraçada".

Engraçada para quem?

ABMRN - Há 21 anos lutando por uma segurança pública de qualidade.


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